quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Exposição "O Legado do barro de Estremoz"



Transcrito com a devida vénia de
newsletter do Município de Estremoz,
de 18  DE Setembro de 2025.

No próximo dia 19 de setembro, às 15:00 horas, será inaugurada, na Sala de Exposições Temporárias do Museu Municipal Prof. Joaquim Vermelho, a exposição "O Legado do Barro de Estremoz".

A Exposição resulta do projeto de investigação 2LEGACY, dedicado à valorização do uso de barro endógeno — obtido a partir de argilas locais — na produção cerâmica tradicional. Com uma abordagem transdisciplinar, o projeto cruza história, antropologia, ciências exatas e artes, dando visibilidade à importância cultural e patrimonial deste saber-fazer.

A exposição reúne peças históricas de diferentes épocas e obras de olaria resultantes da recuperação do barro endógeno e das práticas tradicionais de Estremoz, realizadas em workshops e residências artísticas. O percurso expositivo acompanha todas as fases do projeto, destacando os processos de recolha, preparação e utilização do barro. Esta exposição é uma oportunidade para conhecer o património associado à olaria e barro de Estremoz.

O projeto de investigação, financiado pelo laboratório colaborativo IN2PAST, intitula-se Explorando o papel das matérias-primas na cerâmica tradicional portuguesa para resgatar o legado de Lepierre para o futuro: 2LEGACY (EXPL/In2Past/2024/15). Foi liderado pelo Laboratório HERCULES (UÉ/IN2PAST), em colaboração com o CRIA (NOVA FCSH/IN2PAST), o Lab2PT (UMinho/IN2PAST), a VICARTE (FCT-UNL/FBAUL), o CENIMAT (FCT-UNL) e a Associação Dinamizadora da Olaria de Estremoz (ADOE).

Contou com a parceria de instituições de referência como o Município de Estremoz, Sèvres – Manufacture et Musée Nationaux, a Fundação Alentejo, o Centro Ciência Viva de Estremoz, Museu da Olaria de Barcelos e a CEARTE.

Venha visitar!

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Colóquio "RECENTRAR / Memória, Barro e Saber-fazer" - Évora Monte, 20 e 21 de Setembro


No âmbito do ENCONTRO NACIONAL DE OLARIA que decorrerá no Castelo de Évora Monte entre 20 e 21 de Setembro, terá lugar o colóquio "RECENTRAR / Memória, Barro e Saber-fazer", que decorrerá naqueles dias, com intervenientes e horário indicados no cartaz do Colóquio, disponível aqui:




sábado, 13 de setembro de 2025

Adagiário das castanhas

 

MULHER DAS CASTANHAS (1938) - Ana das Peles (1869-1945).
Ex-colecção Azinhal Abelho. Colecção Hernâni Matos.


À Catarina, minha filha,
que nesta época anda envolvida
na apanha da castanha na sua quinta.

Anualmente entre Junho e Julho, os castanheiros ficam floridos e a estas flores sucedem-se os ouriços, que encerram as castanhas, as quais começam a cair no início do Outono, em Setembro e Outubro.
É vasto o adagiário das castanhas:

- A castanha amarela em Agosto tem a tinta no rosto.
- A castanha é de quem a come e não de quem a apanha.
- A castanha e o besugo em Fevereiro não têm sumo.
- A castanha em Agosto a arder e em Setembro a beber.
- A castanha tem três capas de Inverno: a primeira mete medo, a segunda é lustrosa e a terceira é amarga.
- A castanha tem uma manha: vai com quem a apanha.
- A castanha veste três camisas: uma de tormentos, outra de estopa e outra de linho.
- A noz e a castanha é de quem a apanha.
- Ao assar as castanhas, as que estouram são as mentiras dos presentes.
- Arreganha-te, castanha, que amanhã é o teu dia.
- As castanhas apanham-se quando caem.
- As castanhas para o caniço e o boneco para o porco.
- As folhas de castanheiro andam sete anos na terra e depois ainda voam.
- Carregadinho de castanha, vai o burrinho para Idanha.
- Castanha assada, pouco vale ou nada, a não ser untada.
- Castanha bichosa, castanha amargosa.
- Castanha peluda, castanha reboluda.
- Castanha perdida, castanha nascida.
- Castanha que está no caminho é do vizinho.
- Castanha quente só com aguardente, comida com água fria causa “azedia”.
- Castanha semeada, p´ra nascer, arrebenta.
- Castanhas boas e vinho fazem as delícias do S. Martinho.
- Castanhas caídas, velhas ao souto.
- Castanhas do Marão, a escolher se vão.
- Castanhas do Natal sabem bem e partem-se mal.
- Castanheiro para a tua casa, corta-o em Janeiro.
- Com castanhas assadas e sardinhas salgadas não há ruim vinho.
- Crescem os reboleiros, morrem os castanheiros.
- Cruas, assadas, cozidas ou engroladas, com todas as manhãs, bem boas são as castanhas.
- Dá-me castanhas, dar-te-ei banhas.
- De bom castanheiro, boa acha.
- De bom castanheiro, bom madeiro.
- De castanha em castanha (roubando) se faz a má manha.
- De castanheiro caído todos fazem lenha.
- Desde que a castanha estoira, leve o diabo o que ela tem dentro.
- Do castanho ao cerejo, mal me vejo.
- Em ano de muito ouriço não faças caniço.
- Em minguante de Janeiro, corta o teu castanheiro.
- Em Setembro, antes de chover, o souto o arado quer ver.
- Folha amarela do castanheiro cai ao chão.
- Mais vale castanheiro, que saco de dinheiro.
- No dia de S. Martinho, come-se castanhas e bebe-se vinho.
- No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
- No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.
- No dia de São Julião, quem não assar um magusto não é cristão.
- O castanheiro, para plantar, precisa ir na mão, o carvalho às costas e o sobreiro no carro.
- O céu é de quem o ganha e a castanha de quem a apanha.
- O ouriço abriu, a castanha caiu.
- Oliveira do meu avô, castanheiro do meu pai e vinha minha.
- Os ouriços no São João são do tamanho de um botão.
- Pelo S. Martinho castanhas assadas, pão e vinho.
- Pelo São Francisco, castanhas como cisco.
- Quando gear, o ouriço vai buscar.
- Quando o sol aperta, o ouriço arreganha.
- Quem castanhas come, madeira consome.
- Quem não sabe manhas, não come castanhas.
- Raiz de castanheiro, dá bom braseiro.
- Sete castanhas são um palmo de pão.
- Temporã é a castanha, que em Agosto arreganha.

BIBLIOGRAFIA
- BLUTEAU, Raphael. Vocabulario Portuguez e Latino. Vol. I a X. Officina de Pascoal da Sylva. Coimbra, 1712-1728.
- CHAVES, Pedro. Rifoneiro Português. Imprensa Moderna, Lda. Porto, 1928.
- DELICADO, António. Adagios portuguezes reduzidos a lugares communs / pello lecenciado Antonio Delicado, Prior da Parrochial Igreja de Nossa Senhora da charidade, termo da cidade de Evora. Officina de Domingos Lopes Rosa. Lisboa, 1651.
- MARQUES DA COSTA, José Ricardo. O Livro dos Provérbios Portugueses. Editorial Presença. Lisboa, 1999.
- ROLAND, Francisco. ADAGIOS, PROVERBIOS, RIFÃOS E ANEXINS DA LINGUA PORTUGUEZA. Tirados dos melhores Autores Nacionais, e recopilados por ordem Alfabética por F.R.I.L.E.L. Typographia Rollandiana. Lisboa, 1780.

Publicado inicialmente em 22 de Outubro de 2023

MULHER DAS CASTANHAS (1906) – Ilustração de Raquel Roque
Gameiro para capa da revista “Serões”, de Novembro de 1906.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Museu do Neo-Realismo homenageia o estremocense Rogério Ribeiro



Sessão de homenagem a Rogério Ribeiro
No próximo dia 20 de Setembro, pelas 16 horas, decorrerá no Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira, uma sessão de homenagem ao pintor Rogério Ribeiro (1930-2008), no âmbito da exposição FAZER CRESCER A VIDA – ROGÉRIO RIBEIRO E O NEO-REALISMO, patente nos pisos 1 e 2 do Museu, e que se centra na fase neo-realista do artista.
A sessão conta com as presenças de Ana Isabel Ribeiro, filha de Rogério Ribeiro, José Luís Porfírio, museólogo e crítico de arte, António Mota Redol, em representação da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo e David Santos, director do Museu do Neo-Realismo. A entrada é livre.

Notas biográficas
Rogério Ribeiro nasceu em Estremoz em 1930, mas cerca de uma década depois já se encontra em Lisboa. Aí ingressa primeiro na Escola de Artes Decorativas António Arroio e depois na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde conclui a licenciatura em Pintura.
Nos anos 50, frequenta o atelier de Júlio Pomar, onde conhece Alice Jorge, Vasco Pereira da Conceição, Maria Barreira e Lima de Freitas. Tem depois o seu atelier com Cipriano Dourado.
Expõe pela primeira vez numa exposição colectiva na V Exposição Geral de Artes Plásticas (1950), sendo presença constante até à última dessas exposições (1956). A sua vasta obra desenvolve-se em diversas modalidades artísticas: pintura, gravura, ilustração, tapeçaria e azulejaria.
Em 1953 participa no Ciclo do arroz. Em 1956 foi um dos membros fundadores da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, de cujo catálogo fez parte e na qual desenvolveu intensa actividade.
A sua carreira de professor inicia-se na Escola de Artes Decorativas António Arroio (1961), prossegue na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (anos 70) e mais tarde no Ar.Co (anos 80).
São de 1964 os primeiros trabalhos no âmbito do Design de Equipamento. Autor de cartões de tapeçaria, começou a colaborar com a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre em 1961.Desenvolveu intenso labor no âmbito da azulejaria e teve uma actividade intensa como ilustrador.
Dirigiu, desde 1988, a Galeria Municipal de Arte de Almada e a partir de 1993 foi Director da Casa da Cerca — Centro de Arte Contemporânea, em Almada.
Expôs colectivamente desde 1950 e individualmente desde 1954. Está representado em diversas colecções particulares, instituições privadas e museus, tanto em Portugal como no estrangeiro.

Rogério Ribeiro e Estremoz
Rogério Ribeiro vive em Estremoz a sua primeira infância. Os pais fixam-se em Lisboa em 1940, mas ao longo da sua vida, mantém laços estreitos com Estremoz, não só através de familiares aqui residentes, como de amigos como Aníbal Falcato Alves, Jacinto Varela, Armando Carmelo, Francisco Falcato, Joaquim Vermelho e outros. Nos anos 80 do séc. XX chega a utilizar como atelier, o edifício da antiga cadeia, cedido pelo Município.
Rogério Ribeiro foi co-autor do projecto da extinta Galeria de Desenho do Museu Municipal de Estremoz, conjuntamente com Armando Alves, Joaquim Vermelho, José Aurélio e outros, concretizado em 1983, tendo dado um valioso contributo para a recolha de obras de arte por doação de artistas plásticos, as quais integram actualmente as valiosas reservas do Museu Municipal de Estremoz – Professor Joaquim Vermelho.
Estremoz foi palco de três exposições do pintor: - “Rogério Ribeiro / Pintura, desenho e ilustração” (1981), na Biblioteca Municipal; – “Rogério Ribeiro / “Mudam-se os tempos, ficam as vontades” (2005), no Museu Municipal; – “Evocação e memória. Pintura e desenho de Rogério Ribeiro” (2013), na Galeria Municipal D. Dinis.
Em 2006, o Município de Estremoz, presidido por José Alberto Fateixa, outorgou ao artista plástico e a título póstumo, a Medalha de Mérito Municipal - Grau Ouro.
Em 2013, o Município de Estremoz, presidido por Luís Mourinha, perpetuou o nome do pintor na toponímia local, passando a partir daí a existir o topónimo Rua Mestre Rogério Ribeiro.

Todos a Vila Franca!
Rogério Ribeiro é uma figura cimeira das artes plásticas portuguesas com projecção internacional e filho ilustre de Estremoz, cuja vida e obra nos deve encher de orgulho. Daí que eu sugira o envolvimento naquela homenagem, dos estremocenses em geral e do Executivo Municipal de Estremoz em particular. Rogério Ribeiro merece isso e muito mais.


Rogério Ribeiro (1930-2008) na Fábrica Viúva Lamego. Fotografia de Rosa Reis.

Rogério Ribeiro à direita, de camisa branca, no seu atelier em finais dos anos 50, 
acompanhado da esquerda para a direita pelos seus amigos Aníbal Falcato Alves, 
Jacinto Varela e Francisco Alves. Painel fotográfico patente na exposição.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Arte pastoril alentejana


Colher (Dimensões: 31 x 8,5 cm; Peso: 82 g)Executada em 1974 em pau de bucho,
levou 35 horas a ser confeccionada e custou na época, 350$00, o que corresponde
hoje a 53,6 €. Colecção particular.

Tão certo como o Alentejo não ter sombra, senão a que vem do céu, é que sem sombra de dúvida, a arte pastoril alentejana é uma das mais ricas e expressivas manifestações de arte popular portuguesa.
Com uma simples navalha, ora se escava a madeira em baixo ou alto-relevo, ora se borda artística filigrana que nos faz lembrar o ouro minhoto. O motivo é fruto do imaginário do artista popular e tem sempre um significado expresso na pauta, muitas vezes de madeira, mas também de cortiça e de chifre, tal como um virtuoso violinista que com o seu preciso arco, faz vibrar as tensas cordas do seu violino. A sinfonia é a mesma. A peça executada tem sempre uma função para a qual foi concebida e executada: a de poder ser utilizada ou como forma de expressar a paixão nutrida pela mulher amada ou o respeito e consideração pelo patrão que dá trabalho. São certezas ancestrais que remontam à memória dos tempos. São estados de alma e convicções profundas que registam magistralmente naquilo que a terra dá, os traços indeléveis da identidade cultural alentejana.

Publicado inicialmente em 8 de Maio de 2015

Garfo (dimensões: (24 x 3,5 cm; Peso: 26 g).  Executado em 1973 em pau de
bucho. Em 1985 era vendido por 2000$00, o que corresponde hoje a 112,5 €.
Colecção particular.

sábado, 6 de setembro de 2025

Festas da Exaltação da Santa Cruz de 1963 - Município de Estremoz (vídeo)


A Igreja dos Congragados com a fachada magnificamente iluminada
no decurso das Festas da Exaltação da Santa Cruz de 1963, em 1963.


Publicado inicialmente em 2 de Setembro de 2013

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

As Festas da Exaltação da Santa Cruz de 1963 em Estremoz


 Programa das Festas.

LER AINDA

Para falar das Festas da Exaltação da Santa Cruz de 1963, em Estremoz, há que recuar no tempo, até 1960. O Estado Novo queria à viva força um Palácio da Justiça no centro da cidade de Estremoz, pelo que contra a vontade dos estremocenses ordenou a demolição da vetusta Igreja de Santo André, cuja demolição começou em Outubro de 1960 e o Palácio da Justiça lá foi construído e inaugurado a 3 de Abril de 1964, com pompa e circunstância pelo então Presidente da República, Almirante Américo Tomaz.
Honra seja feita aqueles que com as armas possíveis – as palavras – lutaram com convicção e emoção, para que tal não acontecesse. Um destaque muito especial para o padre Serafim Tavares, pároco de São Francisco, homem de púlpito que soube usar a tribuna da imprensa local e foi um dos líderes da resistência ao crime que viria a ser perpetrado e que foi, sem sombra de dúvida, o maior crime contra o património construído perpetrado até hoje em Estremoz
Havia que ressarcir a Igreja tanto quanto possível da perda irreparável do seu património, daí que a Câmara Municipal de Estremoz, presidida então pelo Dr. Luís Pascoal Rosado (1922-1971), que foi Presidente do Município entre 1961 e 1971, tenha deliberado vir a fazer a entrega à paróquia de Santo André, da inacabada Igreja dos Congregados, propriedade do Município, após a extinção das ordens religiosas em Portugal  ocorrida em 1834, no contexto da consolidação do Liberalismo no país, no final da Guerra Civil entre liberais e absolutistas, nos anos de 1828 a 1834 e que terminaria com a Convenção de Évora Monte.
Na Igreja dos Congregados estava instalado o posto da GNR de Estremoz e as cavalariças da guarda e tudo aquilo era uma dó de alma. A Câmara de então, sob o impulso notável do Dr. Luís Pascoal Rosado tomou nas suas mãos o completamento da fachada da Igreja, cuja empreitada se iniciou em 1961, tendo terminado em 1963, a tempo de nas Festas da Exaltação da Santa Cruz, estar patente aos estremocenses com o esplendor de uma magnífica iluminação.
As Festas desse ano foram as mais grandiosas de sempre. O arraial estava iluminado por doze mil lâmpadas. No centro do Rossio Marquês de Pombal, a Santa Cruz em ferro, executada na Metalurgia Pirra, tendo à frente a maqueta em gesso e em tamanho natural da estátua da Rainha Santa Isabel, esculpida na extinta firma Pardal e Monteiro, por encomenda do município de Coimbra.
Junto  às esplanadas dos cafés existia um grandioso pórtico de entrada nas Festas No recinto destas, para além de lagos de água construídos em alvenaria e de um monumental repuxo, existia um mural gigante pintado pelo nosso conterrâneo Óscar Cavaco. Nele ao centro, o castelo de Estremoz com a altaneira e sempre vigilante torre da Menagem. À sua esquerda, uma alegoria à morte da Rainha Santa no Castelo de Estremoz a 4 de Julho de 1336 e à esquerda uma alegoria à passagem do Condestável D. Nuno Álvares Pereira por Estremoz, antes da sua vitória nos Atoleiros, a 6 de Abril de 1384.
As Festas decorreram entre 1 de Setembro (domingo) e 5 de Setembro (quinta-feira), com alvoradas com salvas de foguetes e morteiros e os alegres acordes das marchas tocadas pelas bandas Municipal e Luzitana, através das ruas da cidade.
No Templo de São Francisco tiveram lugar pelas 12 horas dos dias 1 e 2, missas solenes, a grande instrumental, fazendo-se ouvir o “Coral Sacro do Orfeão Tomaz Alcaide”, dirigido pelo reverendo Padre Carmo Martins. Na Igreja foram recebidos no dia 1 os pendões de todas as freguesias do concelho, que previamente desfilaram pela cidade.
No Rossio havia um coreto suplementar para as bandas locais e visitantes poderem actuar à noite. Houve exposição de artesanato, espectáculo de variedades e festival desportivo na Esplanada Parque, gincana de automóveis no campo de futebol, largada de milhares de pombos correios no pelourinho, jogos florais, espectáculo folclórico na praça de touros, assim como garraiada e tourada. Nesta participaram os cavaleiros Pedro Louceiro e José Maldonado Cortes, então em princípio de carreira, uma vez que no ano passado decorreram 50 anos sobre a sua alternativa. Os matadores eram Manuel dos Santos e José Simões. Participaram ainda os forcados do grupo de profissionais de Lisboa, de Adelino de Carvalho.
O fogo de artifício foi espectacular, tendo o seu lançamento nos dias 2, 4 e 5, sido feito a partir do Castelo. No dia 1 houve fogo preso no lago do Gadanha, local onde decorreria também no dia 3, a pirotecnia das Festas.
Sem sombra de dúvida que o ponto alto das Festas desse ano foi o Cortejo do Trabalho que teve lugar em 5 de Setembro de 1963, a partir das cinco e meia da tarde, na Avenida 9 de Abril. Concebido por Frederico Mestres Carapeta, foi, organizado pela Comissão das Festas com o apoio da Câmara Municipal e que mostrou à população e aos visitantes, os vários sectores do artesanato e indústria locais, bem como os múltiplos aspectos da agricultura e da vida rural de então.
As Festas à Exaltação da Santa Cruz de 1963 foram, sem sombra de dúvida, as mais grandiosas até hoje e decorreram no contexto do completamento da fachada da Igreja dos Congregados, a assinalar a primeira etapa da reparação da perda de património sofrida pela Paróquia com o derrube da Igreja de Santo André.

Publicado inicialmente a 6 de Setembro de 2013


Medalha de barro editada pela Comissão de Festas.
 O pórtico de entrada nas Festas, junto aos cafés. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
 Um aspecto parcial do recinto das Festas.Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
 Outro aspecto parcial do recinto das Festas. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
A iluminação da Igreja dos Congregados. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
 O desfile dos pendões das Freguesias. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
Tourada com José Maldonado Cortes. Fotografia de autor não identificado.
fogo de artifício junto ao lago do Gadanha. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
O Cortejo do Trabalho. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).